Em 2012, a historiadora Karen King, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, descobriu um papiro com inscrições que supostamente indicam que Jesus teria uma esposa. O fragmento foi escrito em copta, um idioma do Egito Antigo, há 1200 anos.
Especialistas na língua extinta conseguiram traduzir algumas passagens, dentro das quais haviam dizeres como “Maria é merecedora disso”, “Jesus disse a eles: ‘Minha esposa…” e “...ela será a minha discípula”.
A partir de tais indícios, os pesquisadores deram ao trecho descoberto o nome de “Evangelho da Esposa de Jesus” e presumiram que a Maria em questão seria a Madalena e que, de acordo com o texto, ela seria a esposa de Jesus.
A comunidade científica logo começou a desconfiar da descoberta. A principal inconsistência apontada por acadêmicos foi o fato de Karen King ter conseguido o papiro de uma fonte anônima, o que torna a autenticidade do material muito questionável.
O pesquisador alemão Christian Askeland, do Instituto de Pesquisa Bíblica em Wuppertal, na Alemanha, foi o primeiro a questionar a descoberta com argumentos científicos. Segundo ele, tanto o Evangelho da Esposa de Jesus quanto o Papiro P52, fragmento descoberto em 1920 que contém parte de um capítulo do Evangelho segundo João, seriam fraudes.
Askeland argumenta que os dois papiros possuem restos de radiocarbono, o que sugere que ambos foram escritos pelo mesmo artista. Com isso, pesquisadores da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, deram início a uma série de testes relacionados a tinta usada nos trechos. “No primeiro teste que realizamos percebemos que as tintas usadas nos dois documentos são, na verdade, bem diferentes”, afirma James Yardley, da Universidade de Columbia. O pesquisador acredita que o Evangelho da Esposa de Jesus é verdadeiro e que isso pode mudar a forma como as pessoas veem os dogmas do catolicismo.
“Esse fragmento do Evangelho nos dá um motivo para reconsiderar o que pensávamos saber sobre o status conjugal de Jesus e as controvérsias que isso gerou na forma que os cristãos lidam com casamento, celibato e família”, disse Karen King, em 2012, na época de sua descoberta.
Com todo esse burburinho em torno dos papiros, mais uma questão foi levantada: os trechos, por si só, não são evidência o suficiente para provar que Maria Madalena era a esposa sobre quem falava o Evangelho. A nova hipótese da comunidade acadêmica, no momento, é queJesus de fato tinha uma esposa, mas que não era Maria Madalena. Ela, no caso, seria somente a discípula do Messias.
A equipe de pesquisa da Universidade de Columbia segue realizando testes e estudando os materiais e pretende dar uma chance para Askeland refutar os resultados e reforçar a sua própria teoria com base em novos argumentos. Os próximos capítulos prometem ser bem interessantes.
REVISTA GALILEU
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